Já parou para pensar como seria se o desenvolvimento de novas tecnologias pudessem, ao mesmo tempo, gerar prosperidade para a sociedade humana e a proteção da vida no planeta? Imagine como seria se a inovação não tivesse como métricas apenas o resultado financeiro, mas também o respeito às leis naturais que regem toda a dinâmica natural da terra, o que inclui também a espécie humana…
Pois é, esse caminho existe e é justamente a proposta de uma abordagem de inovação bioinspirada chamada biomimética, que foi apontada pela revista Forbes como uma das 5 tendências tecnológicas que podem impulsionar o sucesso de uma empresa. Mas esse conceito não é algo apenas corporativo… ele traz em si a filosofia e as ferramentas necessárias para a criação de culturas regenerativas que podem ser difundidas em qualquer lugar onde existam pessoas que entendam a natureza como uma mentora sábia para o aprendizado constante, uma medida para a definição de viabilidade e como um modelo para a solução de problemas humanos a partir 3,8 bilhões de anos de estratégias acumuladas.
A biomimética é uma nova ciência que busca na natureza os caminhos para a resolução de problemas humanos nos campos da medicina, engenharia, energia e muitos outros. Ela entende que, quando nos reconectamos, temos a oportunidade de entender como a vida tem superado desafios ao longo de sua história evolutiva, o que nos permite abstrair e adaptar estas estratégias para o nosso contexto.
Para deixar isso mais claro, tente responder: Como funciona o sistema de captação de frequências sonoras de um morcego? Como um cupinzeiro é mantido com temperatura estável e adequada aos seus habitantes? Como algas bioluminescentes produzem luz a partir de substâncias químicas? Como peixes de regiões árticas protegem seus órgãos do congelamento? Como camaleões se ocultam em seu meio mudando seu padrão de coloração corporal? Como as tartarugas se orientam no oceano e voltam exatamente à mesma praia em que nasceram? As respostas para essas perguntas funcionam como “matéria-prima” (repertório) para o processo de inovação humana.
Talvez já tenha ficado claro que a biomimética é uma abordagem de inovação inspirada na natureza, no entanto, para ela o aprendizado de padrões não é o suficiente (e talvez não seja o mais importante). A conexão entre homem e natureza, não de maneira estereotipada, mas sim genuína e integrada deve ser a pedra fundamental que apoiará todos objetivos, processos e tecnologias envolvidas. Como diria Janine Benyus, uma das principais referências sobre o assunto no mundo, “Está na hora, como civilização, de voltarmos a caminhar na floresta. Assim que passarmos a ver a natureza como mentora, nosso relacionamento com a vida do mundo irá mudar”.
Em síntese, a visão biomimética é uma maneira de reproduzir as soluções criativas e elegantes da natureza, tendo como premissa que ela é uma das mentoras que transformará nosso futuro em um lugar mais abundante, equilibrado e feliz. E mais do que apenas uma ferramenta de inovação, o que seria uma definição extremamente simplista, ela deve ser encarada como um novo paradigma para o ser humano (dimensão interior) e para a sociedade humana (dimensão coletiva).